Começamos a explorar o Vietnã pela capital Hanói. Nossa
expectativa era muito baixa. A maioria dos viajantes que conversamos não gostou
da cidade. Talvez por não esperar muito, nós amamos! Cada esquina era uma
descoberta. Já nos surpreendemos na chegada.
O terminal internacional do aeroporto é novo e muito bom.
Ter o visto impresso no passaporte antes da viagem foi ótimo! Fomos os últimos a
desembarcar do avião e os primeiros a passar na imigração. Todos os outros
estrangeiros estavam na fila do visto de chegada (no site da embaixada do
Vietnã tem mais informações sobre o visto). Economizamos 1 hora de burocracia.
E com criança, cada minuto de espera pode se tornar um momento de stress.
A moeda
A moeda do país é o Dong vietnamita. Faz alguns anos que
eles não cortam o zero por lá. Saquei 2 milhões de Dongs, o que era equivalente
a aproximadamente 100 dólares. Me sentia milionário cada vez que sacava
dinheiro.
Do aeroporto para o hotel
Pegamos um taxi para o hotel e quase enfartamos no banco de
trás. A cada esquina que cruzávamos, motos e carros entravam na nossa frente. O
taxista desviava de um lado para outro.Todo mundo entrava sem olhar. Motoqueiro na contra mão, carro parado na
faixa esquerda, moto levando geladeira... Loucura! Apertamos o "pedal do
freio imaginário" umas dez vezes. Deve valer a regra “se eu coloquei a
roda primeiro na faixa eu tenho preferência” - mesmo que seja 10 metros a frente
do seu carro. Pelo caminho passamos por pontes modernas, avenidas com 3 faixas
até estreitar ao se aproximar do centro da cidade.
Ao chegar no hotel perguntamos para o taxista: “é aqui
mesmo?” Ele confirmou. Nos entreolhamos
e pensamos a mesma coisa: “reservamos uma espelunca”. Um cacareco por fora.
Mais uma vez fomos surpreendidos. Após passar a fachada estreita e caída, o
interior era novo e aconchegante. Recebemos um upgrade para um quarto de
família (tínhamos reservado quarto com duas camas de solteiro). A localização foi boa. Fizemos praticamente tudo a pé (veja onde ficar e outras dicas ao final desse texto).
A cidade
Deixamos as malas e saímos para caminhar em meio àquela
sinfonia de buzinas. Vimos carro sem retrovisor, até sem porta, mas sem buzina
não vimos. Deve ser o item mais cobiçado dos vietnamitas. Acho até que não
existe o botão para buzinar. Deve vir programada de fábrica para emitir o som a
cada 2 segundos.
Outra coisa que chamou a atenção é a quantidade de fios
nos postes. Fico imaginando... será que quando alguém reclama na
“Vietnã Telecom” eles simplesmente passam um novo cabo? Ou será tudo TV a cabo
pirata?
Fios nos postes de Hanoi. Será que é tudo TV a cabo pirata?
Nesses postes você também pode encontrar alto-falantes. Eu tinha
certeza que não estava ficando louco. Eu ouvia sim umas vozes pela manhã (e não
tinha mesquita por perto). Ao perguntar para um vietnamita, ele me explicou que
os alto-falantes estão espalhados pela cidade e são usados pela rádio do
governo. No passado era a propaganda comunista. Atualmente são usados para dar
notícias e recados, como chamar as pessoas que foram aprovadas no alistamento
militar. Você praticamente ouve o Diário Oficial nas ruas.
Alto-falante que passa recados à população
Ao chegar em uma rotatória ficamos paralisados. O cruzamento
é tão caótico que é maravilhoso assistir ao balé dos carros, motos e pedestres.
Nenhum acidente. Há um código informal que todos seguem. Paramos para tomar um
café no Highlands Coffee e observar o trânsito de camarote. Confira no vídeo
abaixo (repare aos 12 segundos uma senhora cruzando a rua no canto inferior
direito da tela).
Mal sabia que em Ho Chi Minh City (antiga Saigon) seria
ainda pior...
Ao andar pelas ruas do Old Quarter não conseguia parar de
tirar fotos. Vendiam de tudo na rua. Verduras, legumes, carnes, frutas, comidas
prontas. A louça era lavada ali mesmo na calçada. As bicicletas também passavam
vendendo seus produtos. Foi um choque cultural muito grande.
Uma das muitas bicicletas vendendo produtos
Legumes e verduras frescos
Vendedora de peixes e frutos do mar retocando a unha enquanto aguarda o cliente
Lavando louça na rua
Lucas observando atentamente o mercado nas ruas de Hanói
Ao cair da tarde os locais se reúnem nos
restaurantes, sentam em mesas baixinhas, tomam seu chá, comem sementes de
girassol e jogam a casca no chão. Podem
comer também uma iguaria local, sempre acompanhada do chazinho. Muito
interessante.
Mesas baixas, chá e um boa comida local
Nós também seguimos os costumes locais. Na maioria das vezes deu certo.
Agora coloca tudo isso junto: trânsito caótico, motos
andando em qualquer mão, calçadas cheias de pessoas vendendo de tudo e até
mesmo lavando louça, postes de luz com 1 tonelada de fios pendurada ao som das
incansáveis buzinas. Conseguiu imaginar a cena? Assim é Hanói. Talvez por isso
que muitos viajantes não morrem de amor. Mas foi por isso que nos
apaixonamos! É muito diferente do que tínhamos visto até o momento.
Atrações turísticas
Após o choque cultural inicial, fomos conhecer as outras atrações
turísticas da cidade. Diz a lenda que no meio do século 15 os deuses enviaram
uma espada para o imperador Le Loi expulsar os chineses do Vietnã. Após a
guerra, uma tartaruga dourada gigante pegou a espada e desapareceu no fundo do
lago para devolver a espadas aos deuses, dando o nome ao lago Hoan Kiem (lago
da espada recuperada), que fica no bairro Old Quarter.
Lago Hoan Kiem no centro de Hanói
Ponte vermelha no lago Hoan Kiem no centro de Hanói
Fomos despretensiosos no show “water puppets” (fantoches na
água, tradução livre). É muito interessante. Esses fantoches fazem parte do
folclore do país. A história retrata os meios de cultivo de arroz e as lendas
passadas de geração pra geração. Quando inundava os campos de arroz, os
camponeses usavam esses fantoches para se entreter. Atualmente você pode
assistir à uma demonstração nos teatros das grandes cidades vietnamitas. Tem
uma espécie de piscina no palco onde os fantoches atuam. A música da encenação é tocada ao vivo.
Embora tenha durado 1,5 hora, as crianças adoraram! Se você quer conhecer um
pouco da cultura rural desse país, vale a pena assistir (mesmo se estiver sem
crianças).
Teatro folclórico do Vietnã - fantoches na água (water puppets)
Decidimos não entrar no Mausoléu de Ho Chi Minh, mas
passamos em frente no caminho do Museu de Etnologia do Vietnã. Você sabia que o
Vietnã tem mais de 70 etnias? Esse dado foi o que despertou nossa curiosidade.
O museu é muito interessante e conta um pouco das etnias do país, onde elas se
localizam, como moram, se alimentam, etc. A exposição interna é mais para
adultos, digamos assim. Contamos um pouco com a criatividade para segurar as
pontas com o Lucas. Mostramos as ferramentas de trabalho de um grupo, por
exemplo facas, martelo e arco e flecha. No próximo grupo, perguntava pra ele
quais eram iguais ou pra que servia cada ferramenta. A mesma coisa com as
miniaturas de casa, transporte, vestuário e por aí vai. Thomas ficou bem no
canguru. A parte externa tem réplicas das moradias. Aí sim o Lucas se soltou!
Correu, pulou, subiu escada, visitou as casas... Ao final da visita já
estávamos famintos e decidimos comer no restaurante do museu. A comida estava
ótima (pratos locais) e não era cara não. Se vier ao museu, vale a pena comer
lá.
Etapas de confecção do famoso chapéu de palha vietnamita
Lucas brincando com os diferentes tipos de moradia
Brincadeira ao ar livre em uma das réplicas em tamanho real
Fomos também ao mercado noturno (Night Market) que acontece aos finais de semana. Embora não tenha nos impressionado, acho que vale a pena conferir. Mas não é nada imperdível. A maioria dos stands vendem capa para celular, bolsas falsificadas e outras bugigangas.
Mercado noturno em Hanói (mas bem que poderia ser chamado camelódromo)
Dicas práticas
Saque de dinheiro: A maioria dos caixas eletrônicos tem um limite máximo de saque de dois milhões de Dongs. Nos grandes bancos internacionais, por exemplo Citibank, é possível sacar mais. Para se ter uma ideia da taxa de conversão, nesse período que visitamos o país 20 mil Dongsera equivalente a aproximadamente 1 dólar (abril 2015). Onde Ficar: A região do Old Quarter é bem turística e dá para fazer tudo a pé.Ficamos muito satisfeitos com o hotel Splendid Star Boutique. Se você não está procurando luxo, mas quer um lugar bom, limpo e relativamente barato, esse é o lugar. Pagamos 39 dólares com café da manhã (valores de abril/2015) Carrinho de bebê: No centro de Hanóiachamos um pouco complicado usá-lo.
Algumas ruas não tem calçada e você divide a rua com essa loucura de carros,
motos, bicicletas, pedestres. Thomas foi carregado o tempo todo no canguru.
Lucas andou bastante e foi carregado algumas vezes também. No museu dá para
usar o carrinho tranquilamente.
Observação: Lucas tinha 2,5 anos e Thomas tinha
7 meses quando visitamos o país.